Na Van do Juan fomos rumo a Lima enfrentar um transito maluco da capital Peruana para pegarmos um vôo rasteiro na “Oficina” (rodoviária da Cruz Del Sur) de 12 horas até Pacasmayo durante a noite. Saímos de Lima as 20:30 da noite chegando a Pacasmayo as 9 da manhã do dia seguinte, caia uma garoa bem fina e as ruas estavam molhadas, coisa que não acontecia por lá há 4 anos, segundo alguns locais. Do desembarque até a pousada Los Faroles do amigo Carlitos Ríos. Tomamos o café da manhã, acertamos com o Carlitos o aluguel do bote para rebocarmos na primeira session em El Faro que já estava quebrando com series de até 6 pés atrás do motor. Uma corrente muito forte dificultava o retorno ao pico, ainda bem que tínhamos o bote rebocando, 10 dolares por cabeça fez a session ser proveitosa, onde sem dúvida nenhuma pegamos as ondas mais longas de nossas vidas. Após 3 horas de surf retornamos a pousada exaustos, mas com uma “vibe” sem igual. A tarde enquanto eu tirei uma soneca a galera foi convidada para uma pelada numa festa em frente ao Pier de Pacasmayo, a “Labambonera Peruana” um grupo de marmanjos brasileiro comandado pelo Técnico Luciano Bacana e o goleiro e capitão Leco Korolcovas empataram a partida em 5 a 5 com um grupo de garotos que se o mais velho tinha 15 anos, era muito.
No dia seguinte queríamos ir a Chicama, mas como o swel tinha baixado a opção foi surfar em Puemape, que fica há uns 40 minutos mais ao norte de Pacasmayo. Antes do surf tivemos que parar nas dunas de Puemape, escalamos a montanha de areia em baixo de um sol escaldante de mais de 30º graus, onde dava para avistar a imensidão do deserto peruano e as belas esquerdas que quebravam sozinhas numa pequena vila de pescadores que parece mais uma cidade fantasma do que vila habitada. O surfista e shaper Fernando Santos o “Tom Pool” dropou uma duna que tinha mais de 100 metros de altura numa prancha de Sand board adaptada que ele fez para essa ocasião, escalou a duna três vezes isso de longjhon, belo aquecimento para o surf em Puemape. Em seguida fomos em direção as ondas que estavam com series entre 5 a 6 pés sob um vento meio terral bem lateral,mas estavam quebrando sozinhas sem ninguém na água. Enquanto a galera afoita entrava no mar, eu e o Tom Pool resolvemos conhecer algumas pessoas do local, foi quando tivemos a oportunidade pela primeira vez de remar num Cabalo de Totora (uma embarcação tradicional no Perú que tem uma relação forte com a história do surf), emprestada por um pescador chamado Manuel.
No surf, a entrada pelas pedras também dificultava a chegada ao pico e todo cuidado era pouco. Luciano “Bacana” foi a primeira vítima das ondas nas pedras de Puemape, acabou quebrando a única prancha que levou pro Pico, depois vi o Alê, (Alexandre Araújo) rodar no meio das pedras para meu desespero o cara sumiu em meio a elas, quando estava me preparando para saltar na água para ajudá-lo, ele apareceu e grudou numa pedra, graças a Deus não se machucou muito, apenas umas escoriações nas mãos e prancha quebrada, infelizmente, fim de surf pra ele. Além do perigo das pedras para entrar no Pico, lá fora, tinha umas redes de pescas armadas entre o canal e as ondas, o cuidado tinha que ser redobrado ao surfar alí. Gabriel Boleta parecia que estava surfando em casa, executou uma seqüência de manobras numa das maiores esquerdas que vi quebrar no pico. O Tom Pool quase foi triturado por uma junção após bater reto e forte na onda. Peguei poucas ondas, mas deu pra sentir o Power dessa esquerda rápida do norte Peruano.
Enquanto o Alê se despediu da barca, no mesmo dia a noite pegamos outro vôo rasteiro de Pacasmayo para Mancora, uma cidade mais ao norte ainda, quase lá perto do Equador, mais 8 horas de ônibus. O duro era que nossas bagagens lotava o bagageiros dos ônibus que tomamos, algumas vezes chegaram até ir no meio ao corredor junto aos passageiros. Se fosse no Brasil era só reclamação, mas a hospitalidade dos peruanos e a irreverência dos brasileiros parece combinar nessas horas.
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